Boa leitura!!! Profª Ana Luísa Zardo.
O resgate da amada Dulcineia de Tabosa
– Quão belas são as flores quão lindo é meu amor. Os quais cultivo com carinho, e aqueço-os com meu calor.
Essa era a canção que Dulcineia cantava todos os dias enquanto cuidava do jardim. Procurava entoá-la sem desafinar, pois achava que assim, suas flores cresceriam mais rapidamente e com uma beleza maior. A doce camponesa vivia em um belo chalé cercado por um muro baixo coberto de plantas rasteiras, a chaminé expelia uma fumaça clara durante todo o dia. Não ouvia-se pessoas e carros, apenas o som de pássaros cantando. O jardim era amplo, cheio de árvores frutíferas, plantas, flores e um gramado verde intenso. Na varanda, uma rede, onde a moça repousava nas tardes mais quentes. Bem estar e paz, era isso que este lugar lhe proporcionava. Mas em uma noite de inverno, enquanto a neve caia lá fora, ela resolve deitar-se mais cedo. O cansaço tomava conta de seu corpo, suas mãos calejaram depois de uma longa tarde de trabalho para plantar três novas laranjeiras que seu tio havia trazido para ela da cidade. Só que ao sair da sala de estar, ela deixa a porta destrancada, sem perceber. Lá fora,um ruído é entoado por de trás das árvores, era um homem, mas não um de seus vizinhos…
Ao caminhar pelos campos abertos de Burinhais, um trio de desbravadores prosseguia rumo ao desconhecido, vindo de uma “dura batalha contra os bezerros endiabrados da montanha”, Dom Quixote, um homem que tinha sede de lutas contra forças malignas, “macieira da morte” e “carruagem de lúcifer” foram algumas delas. Um pequeno ser, de baixa estatura, gordo, usava roupas desbotadas e amassadas, que vivia sempre faminto, Sancho Pança, fiel escudeiro de Quixote e uma miniatura de cavalo, que mais parecia um jegue, chamado Rocinante.
-Oh céus, veja escudeiro (ele apanha a lança quebrada e mostra para Sancho) o que acontece quando se persiste com coragem e bravura, até que o inimigo seja vencido.
-Até agora não entendo senhor, por que lutar contra coisas que não oferecem perigo algum?
-Como não? (Dom Quixote pergunta indignado), você viu como aqueles bezerros olharam para nós enquanto descíamos a montanha?
Mesmo sabendo que aquilo era uma coisa não muito comum, o escudeiro procurou não discutir com seu mestre. Incomodá-lo? Jamais!
A porta do chalé se abre, não havia ninguém na sala, o misterioso encapuzado fecha-a cuidadosamente, e segue em direção ao quarto de Dulcineia, encontra a jovem a descansar num sono profundo, parecia sonhar, mas o homem não se importou com a sensibilidade e vulnerabilidade dela. Queria algo, e faria de tudo para conseguir.
Após uma boa jornada, a trupe chega à uma pequena cidade,e era ali que ficariam:
-Ótimo lugar! O que acha escudeiro?
-Com certeza meu senhor, parece ser um ótimo local para permanecermos por algum tempo, antes de retornarmos à Paris. Mas veja aquele pequeno bairro perto das montanhas, esplendoroso! (ele olhava com os olhos arregalados). Agora vamos, que está muito frio aqui, e já neva.
-Bem colocada sua observação. Está muito frio aqui mesmo, vamos procurar algum hotel para ficar Sancho, vamos rápido!
Durante o passeio, passaram por casas belas, com fachadas enormes, gente muito fina e clássica, porém muito educada. Eles não ficavam atrás não, bom, na realidade Dom Quixote, mesmo muito sem jeito, ele tinha bom gosto para se vestir, e isso atraia a atenção das pessoas nas ruas. Sancho Pança, mal reparava nas pessoas ou nas casas da cidade, preocupava-se mesmo com a comida, e vibrava quando passava por algum mercado, feira ou padaria. Os olhos cintilavam, muita emoção mesmo.
-Olhe esses bolos, pães, docinhos, salgados. Olhe essa frutas.- pensava ele.
Mas um lugar chamou a atenção dos dois, muitas frutas, árvores espalhadas por todo o terreno. Um verdadeiro paraíso, era a casa de Dulcineia, mas estava ficando tarde, então resolveram continuar. Até que:
-Chegamos!- disse Dom Quixote, parado com seu cavalo e seu fiel escudeiro em frente a um hotel- que ótimo, podemos deixar o cavalo logo ali, tem uma casa para ele. Após amarrarem o cavalo, e as funcionárias do hotel trazerem a água e a comida, deixaram Rocinante descansando no estábulo e seguiram para dentro do hotel- vamos entrar, estou congelando.
A algumas casas dali, Dulcineia encontrava-se amordaçada na sala.
-Já estava com saudades de mim – ele disse com uma voz amedrontadora.
-Oh não! É você Romeu? Mas você tinha sumido.
-Você achava que eu tinha sumido, me denunciaste para a polícia, tive que sair da cidade, havia te dito que não era para você comentar com ninguém sobre nossos assuntos particulares. Se brigávamos muito, isso só dizia respeito a nós. Mas você gosta muito de me desafiar, e foi falar logo pra quem? Pra polícia. E chegou a minha vez de dar o troco Dulcineia, e desta vez, seremos apenas eu, e você.
-Eu lhe imploro, não me faça mal Romeu. Suplico-lhe!
O dia mal havia clareado, e Dom Quixote já estava de pé, louco para conhecer as redondezas do lugar. Saiu sem avisar Sancho, preferiu deixar o amigo descansar. Após ir ao estábulo atrás do hotel olhar como estava Rocinante, foi espiar a vizinhança. Enquanto caminhava pelas ruas cheias de neve, após uma longa caminhada até o mercado da cidade, lembrou-se da casa que havia passado na noite anterior. “Quem sabe o morador seja amigável, e me dê algumas frutas” – pensou ele. Esse seria o último lugar de seu “tour” matutino.
“A noite mais aterrorizante de minha vida”, isso era o que a camponesa pensava naquele momento. A vida dela havia mudado drasticamente após ter conhecido Romeu, antes era uma garota cheia de sonhos, sua mãe sempre lhe dizia que um dia, a filha se casaria com um príncipe encantado, que a levaria para morar em Paris, e os dois viveriam felizes para sempre na cidade da Torre Eiffel. Mas após a repentina morte da mãe, em um acidente de carro (seu pai havia morrido quando ela tinha apenas algumas semanas de vida, vítima de um assassinato), sua vida perdeu o sentido, não bastasse o pai, agora a mãe não estaria por perto para ajudá-la. O que seria da menina? Foi quando a pequena Dulci se mudou para o chalé com sua avó, e viveu com ela até vê-la partir a cinco anos. Já adulta, conheceu Romeu, que prometeu ajudá-la e amá-la eternamente, até a morte os separar, mas não foi bem assim. Depois de algum tempo, as brigas começaram a aumentar, e a agressão fez parte da vida de Dulcineia, não aguentava mais, então decidiu denunciar o marido à polícia, e Romeu quando descobriu, fugiu. E nunca mais apareceu. Até a noite passada.
Enquanto pensava em um modo de fugir, ela vê em cima da mesa, uma faca, onde havia deixado no dia anterior para podar uma das árvores, e mesmo amarrada com a cadeira, ela decide levantar-se e vai em direção ao objeto. Quando estava na metade do caminho, uma voz ecoa alto no portão, seguida de muitas palmas.
-Ô de casa!
E Romeu que dormia no sofá abre os olhos, sem tempo de voltar para sua posição inicial, Dulcineia fica sem reação, e o moço a flagra.
-Então você tentava escapar não é? – ele vem em direção a jovem.
-Claro que não, só queria mudar de posição, já estava com as costas doendo de ficar sentada a noite toda.
Ele percebe o que ela tanto queria, e vai até a mesa, pega a faca.
-É isso não é?
-Pelo amor de Deus, não faça isso.
No portão, Dom Quixote não aguentava mais esperar e quando resolve ir embora. Um grito:
-Me largue! Socorro!
Sem pensar duas vezes, o homem pula o muro baixo, ao passar pro outro lado se desequilibra e cai, mas levanta-se rapidamente.
Quando chegava perto da porta, ouviu os gritos de Dulcineia.
-Não faça isso, imploro-lhe Romeu.
-Você gritou. Por que você gritou ( sua face estava vermelha, com a faca em mãos ele a ameaça, para que não grite. E escuta um homem na porta.
-O que acontece? É uma das árvores assassinas? Tem alguém ai? (confere a fechadura, mas estava trancada).
Romeu a leva cuidadosamente para os fundos, ainda com a faca a ameaçar a jovem indefesa.
-Se não responderem, eu derrubo esta porta. Ele se afasta, respira fundo, mas esquece de colocar o pé na frente, e bate com o rosto na porta. Mas na segunda tentativa a porta de madeira não resiste e cai por terra.
Em frente ao hotel, Sancho Pança encontrava-se desesperado por acordar e não ver Quixote em seu quarto. Resolve pegar o cavalo e sair atrás de seu mestre. Ao passar em frente a casa das frutas e árvores percebe uma movimentação estranha, e ouve a voz de Dom Quixote. Em seguida gritos muito altos. Resolve deixar o cavalo amarrado no portão e entra gritando por seu mestre.
-Veja só no que você nos meteu, vamos embora agora – e correm pela porta de trás, despistando Dom Quixote, que havia subido para o quarto por engano.
Só que Romeu não contava com um homem gordo que estava em seu caminho na descida para o jardim, e o encontro dos três foi inevitável.A faca que ameaçava a Dulcineia é lançada longe. Sem com o que ameaçar a jovem, o ex- namorado cruel corre para tentar escapar, mas havia alguém à espera dele com uma pedra em mãos, e a mesma o atinge com força,e o faz cair desacordado.
Em meio a um silêncio profundo, ouve-se um choro forte. Ao chegar do outro lado da casa, Dom Quixote encontra uma linda moça ajoelhada e seu escudeiro com as mãos sobre o ombro dela. Assustado com tudo que havia acontecido, o herói corre ao encontro deles. E vê a moça machucada, com o rosto e braços cortados. Quando os olhares se cruzam, algo, até aquele momento desconhecido, floresce na face de ambos, o amor, e ambos se beijam..
Após a ida da polícia, que leva o culpado para a cadeia, Dom Quixote e Sancho Pança param em frente ao portão.
-Não tenho palavras para agradecê-los por tudo que fizeram (diz Dulcineia de Tabosa emocionada), o que vocês fizeram hoje não tem explicação. E sobre o beijo… (Quixote a interrompe).
-Não precisa se explicar donzela, sabemos o que sentias naquele momento, este monstro que a perseguiu por tanto tempo, volta para infernizá-la e nós por sorte estávamos na cidade e passamos aqui pela frente no momento. Sentimos muito por não poder tem impedido as agressões.
Em seguida, Sancho toma a palavra:
-O que é isso senhor, não fiz nada, apenas foi sorte estar na frente naquele momento para interromper a fuga. Bem, agradeça a minha gula.
Com esta frase, conseguem arrancar um sorriso da camponesa e após um forte abraço (o cavalo de estimação da dupla nem se fala, só carinhos com a moça, que adorava animais) e muitas frutas que haviam recebido, os três se despedem encantados com a beleza de Srta Dulce, como ela mesma os autorizou a chamá-la. Pela primeira vez, a dupla, ou melhor, o trio, havia realizado um verdadeiro resgate. E sentiram-se muito satisfeitos.
-Sabe escudeiro, acho que nossa missão nesta cidade está cumprida, vamos para o hotel, preparar nossas bagagens, pegamos o trem ainda hoje rumo a Paris.
Ademir Júnior – 9° ano B
O resgate da amada Dulcineia de Tabosa
Ao dar continuidade à sua cavalgada, o nobre, sobre seu cavalo, e seu fiel escudeiro chegam a Porto Lápice, uma pequena vila com um povo acolhedor, simples e de boa comida.
Procuraram um lugar para acomodar-se e tomar um relaxante banho depois daquele dia atarefado. Deixaram Rocinante no estábulo mais próximo e foram ao bar mais perto. Era um lugar pequeno, porém aconchegante. Comeram até não aguentar mais, a comida estava muito boa!
Chegaram ao hotel e caíram no sono, um sono profundo, daqueles com sonhos maravilhosos sonhos.
Em um desses sonhos, mais parecidos com pesadelo para Dom Quixote, a sua amada Dulcineia de Tabosa fora raptada por Frestão, o mesmo que roubara os seus livros, aquele homem com aspecto de ogro, grande, feio e porco.
A princesa gritava por sua ajuda, e ele, para socorrê-la, montou em Rocinante e cavalgou o mais rápido possível atrás da carroça de Frestão, onde, cruelmente, sua amada estava trancafiada.
Logo atrás vinha seu fiel escudeiro, Sancho Pança, que mesmo não sendo ele que fazia o esforço da cavalgada, já estava cansado.
No caminho se depararam com monstros terríveis, de altura e fisionomia assustadora. Dom Quixote dizia:
– Esses horrendos monstros não irão me atrapalhar no resgate à minha princesa.
– Vocês virarão pó! Continuava.
– Meu senhor, são apenas enormes silos que guardam a colheita!
Dom Quixote insistia:
– Fique quieto, Sancho. Você não consegue ver seus enormes tentáculos saídos de suas cabeças?!
– Mas meu senhor… Dizia Sancho.
– Basta! São gigantes e sem mais discussões!
Com sua velha e enferrujada lança, seguiu em direção aos supostos “gigantes” apontando a arma à frente em sinal de combate.
Ao chegar perto, Sancho Pança passa a sua frente e o impede de se machucar ainda mais.
Dom Quixote ficou irritado e inconformado de não ter lutado com aqueles seres que ousaram atrapalhar o trajeto até o resgate de sua amada.
Enquanto isso, Frestão levara Dulcineia para um galpão sujo e escuro, onde planejava o pior: a morte do eterno amor de Dom Quixote.
Logo o nobre e seu escudeiro chegaram, imaginando como Dulcineia estava, se ficara machucada, com fome, sede ou sono. Ouviram seus gritos apavorados, correram até lá e…
Dom Quixote acordou assustado daquele horrível pesadelo!
Laura Z. Almeida – 8° ano A
O resgate da amada Dulcineia de Tabosa
Éramos somente nós naquela noite. Eu e minha donzela estávamos sobre o morro de Porto Lápice, a lua brilhava simples e singela como seus olhos azuis como de um anjo de Deus, seu vestido era bordo parecia vinho, seu perfume pairava no ar como um imenso canteiro de flores. Como era de se esperar de uma ”princesa” digna de meu amor e admiração. Meu fiel escudeiro, Sancho Pança, estava a alimentar meu cavalo de inúmeras batalhas, Rocinante. Pedi a Sancho que trouxesse algo para bebermos. Com muita rapidez e eficiência trouxe suco de laranja. Enquanto tomávamos, distraído por seus olhos e por sua voz, deixei cair minha taça, que por si só molhou minha melhor veste. Eu logo me desculpei pelo ocorrido e ela me disse entre risos:
– Não se desculpe tanto, foi sem querer.
– Sou desajeitado mesmo! Vou trocar está veste por uma seca e já volto.
E assim foi, até que Sancho veio e entregou-me outra roupa. Enquanto Dom se trocava ouviu alguns berros. Era sua amada donzela em perigo. Saiu às pressas e nem armadura lembrou de pedir em meio à confusão. Sua amada estava nas mãos de um ogro enorme e repugnante, levou-a sem pestanejar.
Neste momento e em diante aquele ogro tinha comprado uma briga feia. Dom Quixote então vestiu sua armadura lustra, pegou sua amada, seu escudo, seu fiel escudeiro e por fim montou em seu cavalo. E por longas três horas cavalgaram até encontrar a caverna no ogro. Quando chegou gritou em um ato de fúria.
– OH OGRO INFELIZ, DEVOLVA-ME A AMADA DONZELA OU RESOLVEREMOS À FORÇA.
Por alguns minutos ninguém falou nada, até que o ogro gritou lá de dentro da caverna :
– Se tu és tão valente, venha cá!
Quando entrou encontrou um ogro pequenininho em pernas de pau. Segurou a vontade a vontade de rir e falou :
– Devolva-me a princesa seu ”enorme” ogro.
– O que ganho com isto?
– E o que você quer?
– Dê-me sua espada e escudo que a devolverei!
Com a troca feita Dom Quixote agradeceu. Quando ia dar um beijo na amada, uma voz surgiu:
– Acorde, acorde!
– O quê? Foi tudo um sonho, então? Na melhor parte… Que decepção!
Letícia Rauber – 9° Ano “A”