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Campanha da Fraternidade evoca a beleza e a diversidade dos biomas brasileiros

Porém, não para por aí. Seus objetivos devem ser desenvolvidos durante todo o ano.

A Igreja apresenta a CF na quaresma, convocando à mudança de vida. Somos chamados a fazer o caminho para a Páscoa. É um tempo de graça e oportunidade para cultivarmos com maior intensidade a vida de oração, a vivência da fraternidade entre nós e com toda a criação e a solidariedade com aqueles que mais sofrem.

É um caminho de esperança! Mergulhamos no mistério pascal e, assim, fortalecemos a certeza da vitória da vida sobre a morte. A caminhada quaresmal nos convoca a uma adesão livre e consciente à fé em Jesus Cristo, exigindo do cristão um sólido compromisso na concretização do Reino de Deus.

Este ano, a CF tem como tema “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida”. O lema é inspirado no livro do Gênesis: “Cultivar e guardar a criação” (2,15).  Mais uma vez, a Igreja nos convida a rever nossa postura e responsabilidade com a casa comum – a Terra – e agora de forma bem específica, os biomas brasileiros. Não só! Somos convidados a admirar e contemplar tanta beleza diante da diversidade da Mãe Terra.

O objetivo geral desta CF é “Cuidar da criação, de modo especial os biomas brasileiros, dons de Deus, e promover relações fraternas com a vida e a cultura dos povos, à luz do Evangelho”. A oração da Campanha ajuda-nos na interiorização desse compromisso:

Deus, nosso Pai e Senhor, nós vos louvamos e vos bendizemos, por vossa infinita bondade. Criastes o universo com sabedoria e o entregastes em nossas frágeis mãos para que dele cuidemos com carinho e amor. Ajudai-nos a ser responsáveis e zelosos pela Casa Comum. Cresça, em nosso imenso Brasil, o desejo e o empenho de cuidar mais e mais da vida das pessoas, e da beleza e riqueza da criação, alimentando o sonho  do novo céu e da nova terra que prometestes. Amém.

O Papa Francisco, na sua Carta Encíclica Laudato Si’ – sobre o cuidado da casa comum, assim nos alerta: “Prestar atenção à beleza e amá-la ajuda-nos a sair do pragmatismo utilitarista. Quando não se aprende a parar a fim de admirar e apreciar o que é belo, não surpreende que tudo se transforme em objeto de uso e abuso sem escrúpulos. Ao mesmo tempo, se se quer conseguir mudanças profundas, é preciso ter presente que os modelos de pensamento influem realmente nos comportamentos. A educação será ineficaz e os seus esforços estéreis, se não se preocupar também por difundir um novo modelo relativo ao ser humano, à vida, à sociedade e à relação com a natureza” (LS 215).

CFSegundo o texto base da CF, bioma “é um conjunto de vida (animal e vegetal) constituído pelo agrupamento de tipos de vegetação contíguos e identificáveis em escala regional, com condições geoclimáticas similares e história compartilhada de mudanças, o que resulta em uma diversidade biológica própria”. Temos no Brasil seis biomas: Mata Atlântica, Amazônia, Cerrado, Pantanal, Caatinga e Pampa.

Conforme o cartaz da CF 2017, identifica-se cada bioma com sua beleza e diversidade, juntamente com os povos originários, primeiros habitantes dos biomas. Também encontramos a rede lembrando o encontro dos pescadores com a imagem de Nossa Senhora Aparecida, nossa Padroeira, ocorrido há 300 anos nas águas do rio Paraíba do Sul.

O cartaz também nos alerta sobre os perigos da devastação e nos leva a refletir o modelo de desenvolvimento que visa o lucro. Neste sentido, o Papa Francisco fala de uma ecologia integral. “O ambiente humano e o ambiente natural degradam-se em conjunto; e não podemos enfrentar adequadamente a degradação ambiental, se não prestarmos atenção às causas que têm a ver com a degradação humana e social. De fato, a deterioração do meio ambiente e a da sociedade afetam de modo especial os mais frágeis do planeta: tanto a experiência comum da vida quotidiana como a investigação científica demonstram que os efeitos mais graves de todas as agressões ambientais recaem sobre as pessoas mais pobres” (LS 48).

Que esta CF 2017 produza em nós uma sincera conversão a um novo modo de vida. Não somos donos da terra! Somos moradores e compartilhamos do mesmo espaço com tantas outras formas de vida. Esquecemos que nós mesmos somos terra!

Jesus nos lembra no Evangelho: “Olhem como crescem os lírios do campo…” (Mt 6,28). Neste imenso jardim vivemos nossa relação com Deus, com o próximo e com toda obra criada. Hoje, esta irmã e mãe terra clama contra todo mal que lhe provocamos, fruto de nossa irresponsabilidade no uso dos bens.

Aproveitemos este tempo de graça! No processo contínuo da educação, nossas competências, habilidades, atitudes, valores e espiritualidade podem fazer muita diferença. Precisamos promover uma educação para uma espiritualidade ecológica, que recupere as virtudes sociais e garanta uma respeitosa convivência com todas as criaturas. Reassumamos nosso compromisso em cultivar e guardar a Criação.

Fica a provocação deixada pelo Papa Francisco na Laudato Si’: “É muito nobre assumir o dever de cuidar da criação com pequenas ações diárias, e é maravilhoso que a educação seja capaz de motivá-las até dar forma a um estilo de vida” (n.211).